Para descobrirmos qual é essa soft skill essencial para o líder do futuro, precisamos entender alguns fatos e porquês.
Primeiramente, quem nunca ouviu a famosa frase: “Se quer conhecer uma pessoa de verdade, lhe dê poder”?
Vamos reformular a frase: “Se quer testar a tomada de decisão assertiva e o real engajamento do time de um líder, lhe dê poder”
Em um estudo feito por professores universitários dos Estados Unidos, líderes de várias empresas foram submetidos a um teste escrevendo um relato detalhado sobre situações em que tiveram ou não poder e assim, foi possível checar o quão confiantes estavam suas respostas.
Resultado? A autoconfiança é inversamente proporcional à assertividade.
Descobriram que as pessoas que foram preparadas e desenvolvidas para se considerarem mais poderosas tinham de fato, mais confiança em suas respostas do que as outras, porém suas respostas eram menos precisas.
O poder gera excesso de confiança e é exatamente este exagero que leva a decisões erradas e reduz o engajamento e o senso de pertencimento da equipe.
Os superconfiantes adquirem nas suas novas funções mais poder, visibilidade e influência, sem necessariamente estarem preparados emocional e tecnicamente para as novas responsabilidades e consequências sobre outros.
Somado à pressão por resultados no curto prazo e a autoconfiança extra que vem de bônus, decisões erradas são tomadas e resultados afetados negativamente, além do time não se sentir parte do processo pois raramente são consultados sobre suas opiniões, no caso de lideranças com perfil mais centralizador.
De acordo com a Forbes, a Empatia é a soft skill mais necessária para a liderança combater esses efeitos
O estudo descobriu que este excesso de confiança foi eliminado quando os poderosos passaram a se sentir incompetentes, quando suas decisões trouxeram maus resultados ou impactos negativos em outros e começaram a questionar sua capacidade, os levando a olhar e escutar mais o outro antes tirar conclusões finais.
Neste contexto de liderança e poder, que abrange uma série de hard e soft skills e características como humildade, escuta ativa, tomada de decisão e vulnerabilidade, um recente estudo da Forbes levou recentemente a empatia a um outro nível de impacto e relevância nos negócios e nos profissionais, trazendo resultados tangíveis em inovação e retenção.
Concluímos que um líder empático motiva mais o time, desenvolve criatividade coletiva e toma decisões mais assertivas já que enriquece suas perspectivas antes de chegar a conclusões.
Outro ponto importante é que este profissional tem mais facilidade de mostrar a sua vulnerabilidade por trás de tamanha autossuficiência, o que encoraja um ambiente colaborativo.
Já o líder transformacional, considerado um “coringa” cujo perfil tem sido o mais procurado hoje em dia pelas empresas, só consegue atuar na sua melhor versão se conseguir desenvolver pessoas e equipes adaptáveis, gerar ambiente de aprendizado contínuo e dar autonomia e oportunidades à todos.
Líder, imaginou fazer tudo isso sem essa habilidade essencial?
A razão para esta habilidade ser mais importante do que nunca está nas necessidades situacionais das pessoas, dentro e fora do trabalho
- O líder empático traz senso de pertencimento e protagonismo, ressaltando a individualidade de cada um do time. Isto afeta diretamente a retenção de pessoas ainda mais em um contexto de pessoas enfrentando variados tipos de stress pessoal e profissionalmente
- 42% das pessoas tiveram um declínio em sua saúde mental; mais de 50% da população global está irritada, ansiosa, angustiada e com dificuldade de concentração
- Gentileza gera gentileza: o impacto de e-mails grosseiros é assustador, quem os recebe multiplica sua negatividade dentro de casa e também se sente menos incapaz de ser um bom exemplo para familiares
- Impacto no cliente: quando as pessoas sofrem grosserias no trabalho elas têm menos probabilidade de ajudar os outros, pioram o desempenho principalmente em relação às experiências do cliente e aumenta a rotatividade de funcionários
De acordo com um estudo recente da Catalyst, com mais de 900 profissionais, inovação, engajamento e retenção são apenas alguns dos efeitos positivos de empresas que têm líderes com esta característica
- Inovação. Quem tinha lideres empáticos relatou que estes também eram mais capazes de serem inovadores
- Engajamento. 76% das pessoas que vivenciaram empatia por parte de seus líderes relataram estar engajadas em comparação com apenas 32% que experimentaram menos empatia.
- Retenção. 57% das mulheres brancas e 62% das mulheres negras disseram que dificilmente pensariam em deixar suas empresas quando sentiam que suas circunstâncias de vida eram respeitadas e valorizadas por suas empresas.
- Inclusão. 50% das pessoas com líderes empáticos relataram que seu local de trabalho era inclusivo, em comparação com apenas 17% das pessoas com liderança menos empática.
- Qualidade de vida. 86% das pessoas relataram que com líderes empáticos, são capazes de lidar com as demandas de seu trabalho e vida – conciliando com sucesso suas obrigações pessoais, familiares e de trabalho.
“Assim como um produto ou serviço que precisa estar atualizado de acordo com as demandas de mercado, como líderes precisamos entender e acompanhar as necessidades das pessoas dentro e fora do ambiente de trabalho. Do que as pessoas estão precisando hoje? Cuidado genuíno com a saúde mental, humanização nas relações de trabalho, assertividade nas decisões e segurança psicológica para se sentirem encorajadas a exporem suas opiniões e ideias e assim, contribuírem para o desenvolvimento de culturas de inovação.”
Rafaela Furlan, Cofundadora e Consultora da IKME
Quer começar a desenvolver esta habilidade já? Aqui vão algumas dicas práticas:
- Aplique a Empatia cognitiva, considerando a situação do outro através do seguinte pensamento: “Se eu estivesse no lugar dele, o que estaria pensando agora?”
- Aborde a Empatia emocional, considerando os sentimentos de uma pessoa: “Estar na posição dela me faria sentir xx”.
- Expresse suas preocupações, pergunte sobre os desafios e ouça atentamente o que o time tem a dizer
- Entenda as dificuldades de um funcionário e se ofereça para ajudar
- Analise o ponto de vista de uma pessoa e tenha uma conversa construtiva e saudável que leve a uma solução melhor
- Considere o que todos têm a dizer e recomende algo que os faça alcançar algo maior: Como diz o ditado popular, as pessoas podem não se lembrar do que você diz, mas se lembrarão de como você as fez sentir.